Pesquisar este blog

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O impacto da endometriose na vida dos adolescentes transgêneros

 


        

Um estudo realizado por pesquisadores da cidade de Boston, no estado de Massachusetts (EUA), concluiu que pessoas transmasculinas podem apresentar quadro de dismenorreia (cólica) e endometriose mesmo utilizando o hormônio testosterona. Segundo o estudo, o diagnóstico de endometriose era pouco utilizado em transgêneros do sexo masculino portadores de dismenorreia. 

O objeto de análise da pesquisa foram adolescentes do sexo masculino, menores de 26 anos, diagnosticados com dismenorreia e que obtiveram tratamento no Hospital Infantil de Boston de janeiro a março de 2020. Os médicos se atentaram aos prontuários no que diz respeito às características clínicas dos pacientes, cuidados tomados durante a transição e seus tratamentos.

Durante o observatório, 35 adolescentes transgêneros, com idade média de 14 e 11 anos, aproximadamente, foram diagnosticados com dismenorreia. Ele também constatou que 29 deles foram diagnosticados com o distúrbio após a transição social para o sexo masculino (82,9%). Dentre esses, 7 foram diagnosticados com endometriose através do exame de laparoscopia. Utilizando o tratamento convencional, 3 pacientes obtiveram resultados positivos para a contenção dos sintomas da doença. Após o tratamento com o hormônio testosterona, 2 pacientes apresentaram progresso e 2 não obtiveram resposta. Constatou-se, enfim, que a maioria dos adolescentes portadores de endometriose receberam o diagnóstico da doença após a transição social.

De acordo com o estudo, a eficácia do tratamento, os efeitos colaterais dos medicamentos utilizados, a necessidade dos anticoncepcionais e o histórico de gênero são fatores que influenciam na escolha do paciente pelo tratamento a ser utilizado. Ainda segundo o artigo, os pesquisadores perceberam variações individuais de suscetibilidade na utilização de andrógenos, como o danazol e a testosterona, na supressão da menstruação e da dor.

Os autores do artigo ainda enfatizam a necessidade de pesquisas mais expansivas e numerosas em pessoas trans portadoras de endometriose e outras condições ginecológicas, para que se melhore a qualidade do diagnóstico e do atendimento.

 

Endometriose

 

A Endometriose é uma doença caracterizada pela presença do endométrio (tecido que reveste a parte interior do útero) fora da cavidade uterina, podendo também estar em órgãos como trompas, ovários, intestinos e bexiga.

O principal sintoma da doença é a dor e a infertilidade. Aproximadamente 20% das mulheres tem apenas dor; 60% tem dor e infertilidade; e 20% tem apenas infertilidade. Outros sintomas podem ser notados, como cólicas menstruais intensas, dor pré e durante a menstruação, dor durante as relações sexuais, além de fadiga crônica e exaustão. Ainda há, porém, a possibilidade de sangramentos irregulares e intensos e alterações urinárias ou intestinais durante a menstruação.

          Todos os meses, o endométrio fica mais espesso e o óvulo fecundado se implanta nele. Caso não haja gravidez, o endométrio se escama e é expelido na menstruação. A explicação para o surgimento da endometriose é que uma parte desse sangue (guardado no endométrio) cai nos ovários ou na cavidade abdominal ao migrar no sentido oposto (lesão endométrica).

          O diagnóstico da endometriose costuma ocorrer aos/ou a partir dos 30 anos de idade. A doença afeta, hoje, cerca de seis milhões de mulheres no Brasil (de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva, de 13 a 45 anos), havendo 300% de chancec que essas fiquem estéreis. 

 

Artigo originalmente publicado no Site Endonews https://www.endonews.com/endometriosis-impacts-transgender-adolescents e livremente traduzido e adaptado por Maira Cruz, voluntária da Amo Acalentar. Artigo editado por Vanessa Souza, voluntária de comunicação da Amo Acalentar e pós graduanda em Comunicação Institucional, e Maria Eduarda Brum, jornalista voluntária da Amo Acalentar.

Outras referências:

https://www.fleury.com.br/manual-de-doencas/dismenorreia

https://psicologafabiola.com.br/transgenero/

https://www.gineco.com.br/saude-feminina/doencas-femininas/endometriose/#exames

https://www.gineco.com.br/saude-feminina/doencas-femininas/endometriose/#o-que-e