Um estudo realizado por
pesquisadores da cidade de Boston, no estado de Massachusetts (EUA), concluiu
que pessoas transmasculinas podem apresentar quadro de dismenorreia (cólica) e
endometriose mesmo utilizando o hormônio testosterona. Segundo o estudo, o diagnóstico
de endometriose era pouco utilizado em transgêneros do sexo masculino
portadores de dismenorreia.
O objeto de análise da pesquisa
foram adolescentes do sexo masculino, menores de 26 anos, diagnosticados com
dismenorreia e que obtiveram tratamento no Hospital Infantil de Boston de
janeiro a março de 2020. Os médicos se atentaram aos prontuários no que diz
respeito às características clínicas dos pacientes, cuidados tomados durante a
transição e seus tratamentos.
Durante o observatório, 35 adolescentes
transgêneros, com idade média de 14 e 11 anos, aproximadamente, foram
diagnosticados com dismenorreia. Ele também constatou que 29 deles foram
diagnosticados com o distúrbio após a transição social para o sexo masculino
(82,9%). Dentre esses, 7 foram diagnosticados com endometriose através do exame
de laparoscopia. Utilizando o tratamento convencional, 3 pacientes obtiveram
resultados positivos para a contenção dos sintomas da doença. Após o tratamento
com o hormônio testosterona, 2 pacientes apresentaram progresso e 2 não
obtiveram resposta. Constatou-se, enfim, que a maioria dos adolescentes
portadores de endometriose receberam o diagnóstico da doença após a transição
social.
De acordo com o estudo, a eficácia
do tratamento, os efeitos colaterais dos medicamentos utilizados, a necessidade
dos anticoncepcionais e o histórico de gênero são fatores que influenciam na
escolha do paciente pelo tratamento a ser utilizado. Ainda segundo o artigo, os
pesquisadores perceberam variações individuais de suscetibilidade na utilização
de andrógenos, como o danazol e a testosterona, na supressão da menstruação e
da dor.
Os autores do artigo ainda
enfatizam a necessidade de pesquisas mais expansivas e numerosas em pessoas
trans portadoras de endometriose e outras condições ginecológicas, para que se
melhore a qualidade do diagnóstico e do atendimento.
Endometriose
A Endometriose é uma doença
caracterizada pela presença do endométrio (tecido que reveste a parte interior
do útero) fora da cavidade uterina, podendo também estar em órgãos como
trompas, ovários, intestinos e bexiga.
O principal sintoma da doença é a
dor e a infertilidade. Aproximadamente 20% das mulheres tem apenas dor; 60% tem
dor e infertilidade; e 20% tem apenas infertilidade. Outros sintomas podem ser
notados, como cólicas menstruais intensas, dor pré e durante a menstruação, dor
durante as relações sexuais, além de fadiga crônica e exaustão. Ainda há,
porém, a possibilidade de sangramentos irregulares e intensos e alterações
urinárias ou intestinais durante a menstruação.
Todos os meses, o
endométrio fica mais espesso e o óvulo fecundado se implanta nele. Caso não
haja gravidez, o endométrio se escama e é expelido na menstruação. A explicação
para o surgimento da endometriose é que uma parte desse sangue (guardado no
endométrio) cai nos ovários ou na cavidade abdominal ao migrar no sentido
oposto (lesão endométrica).
O diagnóstico da
endometriose costuma ocorrer aos/ou a partir dos 30 anos de idade. A doença
afeta, hoje, cerca de seis milhões de mulheres no Brasil (de acordo com a
Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% a 15% das mulheres em idade
reprodutiva, de 13 a 45 anos), havendo 300% de chancec que essas fiquem
estéreis.
Artigo originalmente publicado no
Site Endonews https://www.endonews.com/endometriosis-impacts-transgender-adolescents e livremente traduzido e
adaptado por Maira Cruz, voluntária da Amo Acalentar. Artigo editado por Vanessa Souza, voluntária de comunicação da Amo Acalentar e pós
graduanda em Comunicação Institucional, e Maria Eduarda Brum, jornalista
voluntária da Amo Acalentar.
Outras referências:
https://www.fleury.com.br/manual-de-doencas/dismenorreia
https://psicologafabiola.com.br/transgenero/
https://www.gineco.com.br/saude-feminina/doencas-femininas/endometriose/#exames
https://www.gineco.com.br/saude-feminina/doencas-femininas/endometriose/#o-que-e